Estilo musical de extrema riqueza e versatilidade, o jazz nasceu das canções dos escravos negros americanos, em seu processo de adaptação à nova cultura, e se consagrou como forma de expressão artística universal.
Na forma tradicional, o jazz é um estilo de música que permite ao intérprete desenhar variações melódicas sobre uma base harmônica determinada e com ritmo regular, de modo a enriquecer, com ornamentos e improvisações de grande força expressiva, um esquema musical originalmente simples e uniforme. Enquanto sua instrumentação, melodia e harmonia são européias, o ritmo, o fraseado e certos temperos harmônicos derivam da música africana.
A primeira forma importante de expressão musical nascida nos Estados Unidos e de matriz africana é a chamada work song (canção de trabalho). Cronologicamente, aparecem depois o spiritual e o blues. Enquanto o primeiro tinha caráter coletivo e religioso, o segundo era individual e profano. O blues é a mais importante das raízes do jazz, inicialmente como expressão vocal. No plano instrumental, o ragtime (estilo pianístico baseado num ritmo fortemente sincopado, e que constitui uma espécie de versão negra das polcas e valsas importadas da Europa) é outra raiz fundamental.
O berço do jazz é a Nova Orleans da virada do século, em cuja zona de meretrício, a famosa Storyville, surgiram os primeiros grandes músicos da nova tendência. Nas ruas da cidade se formaram, também, as primitivas orquestras de jazz - as brass bands, fanfarras de negros e que desfilavam durante o Mardi gras, manifestação tradicional de caráter carnavalesco, além de tocar em casamentos e enterros - e as jug bands, grupos que acompanhavam cantores de blues e usavam instrumentos feitos em casa, a partir de garrafas, caixas de charuto e até tábuas de lavar roupa (washboards).
A improvisação individual no jazz começou com o trompetista, cantor e chefe de orquestra Louis Armstrong, para muitos o maior músico de jazz de todos os tempos. Sua técnica prodigiosa transformariam a música coletiva e primitiva de Nova Orleans, voltada para o entretenimento, num modo de expressão universal, que valorizava a interpretação individual e a forma "tema com variação".
As manifestações jazzísticas, profundamente variadas, deram origem à formação de muitos estilos, alguns até simultâneos. A partir do estilo New Orleans, ou tradicional, surgiu o chamado Dixieland, mais leve, brando e harmônico, que se desenvolveu em Chicago. A segunda metade da década de 1930 marcou o auge do swing, que desenvolveu duas correntes: o estilo dançante, típico das grandes orquestras de Benny Goodman, Charlie Barnett, Tommy Dorsey e Glenn Miller; e o de solistas como Art Tatum e Teddy Wilson (piano), Lionel Hampton (vibrafone) e Gene Krupa (bateria). O compositor, pianista e arranjador Duke Ellington foi um dos primeiros a criar composições jazzísticas especialmente para grandes orquestras.
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